A “bronca” em Maicosuel, ex-Botafogo, na primeira partida das finais do Campeonato Carioca, trouxe prejuízo ao lateral-esquerdo do Flamengo, Juan. Após dois adiamentos, finalmente o jogador rubro-negro foi julgado, na noite desta sexta-feira, dia 22 de maio, no Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD/RJ). O resultado: suspensão por 30 dias na denúncia de ameaça, por maioria de votos. Quanto à outra infração a que respondeu - atitude contrária à moral e à disciplina -, o jogador conseguiu a absolvição.
O departamento jurídico do clube irá recorrer da decisão e pedir efeito suspensivo, mas, como não há expediente no Tribunal no final de semana, Juan já está fora do jogo deste domingo, dia 24, contra o Santo André. A sessão da Segunda Comissão Disciplinar teve início às 17h e foi transmitida em tempo real pelo Justicadesportiva.com.br.
O lateral foi denunciado em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): o 278 (ameaçar alguém, por palavra, escrito ou, gestos ou por qualquer outro meio, causar-lhe mal injusto ou grave), que pode suspender de 30 a 120 dias; e o 258 (assumir atitude contrária à disciplina ou à moral desportiva), que tem como pena suspensão de uma a dez partidas.
O jogador teve de se retratar por conta do lance em que se envolveu com o meia Maicosuel, na primeira partida da decisão do Campeonato Carioca, quando foi driblado e não gostou da atitude do botafoguense. Ele acabou colocando o dedo em riste na face do adversário e levou apenas cartão amarelo do árbitro Rodrigo Nunes Sá.Ambos os jogadores compareceram ao tribunal para prestar esclarecimentos. Perguntado sobre o que teria dito ao ex-jogador do Botafogo, Juan contou que pediu para que ele parasse de fazer "gracinha", e que proferiu alguns palavrões: "coisas normais do futebol". Sobre a possibilidade de ter dito alguma palavra de cunho racista, o jogador do Flamengo negou.
Juan disse que talvez tenha exagerado no lance, mas ressalta que isso acontece a todo momento nas partidas de futebol. "Talvez pelo ato de ter me abaixado e ter ficado próximo a ele, pode ter dado a entender que foi algo muito exagerado", comentou. Indagado sobre o que quis dizer com "parar de gracinha", o lateral rubro-negro contou que, no seu entender, Maicosuel deveria parar de dar dribles de efeito, jogadas essas que, no seu entendimento, não visariam ao gol.
Maicosuel não alivia
Ao contrário de declarações anteriores, durante o seu depoimento no tribunal, Maicosuel não aliviou o colega de profissão. Indagado pelo relator sobre o que tinha sido dito a ele por Juan, falou que não se lembrava de tudo, mas que se recordava da seguinte frase, logo após sentir um dedo em suas costas: "olha aqui, seu filho da ..., se você fizer graça de novo, vou te pegar". Sobre o que aconteceu após o lance em questão, o ex-jogador do Botafogo disse que "chegou a turma do deixa disso" e que cada um foi para o seu lado, mas viu que o rubro-negro ainda disse algo do tipo "vem de novo", quando se levantou.
Em seguida, o advogado do Fla perguntou se esse tipo de ameaça é comum no futebol, e o meio-campista confirmou, porém, destacou que a atitude de se agachar sobre um atleta adversário não é normal.
Arbitragem absolvida
Além de Juan, a Procuradoria do TJD/RJ denunciou o árbitro Rodrigo Nunes Sá e o assistente Eduardo de Souza Couto, que também foram julgados no mesmo processo. Eles acabaram absolvidos; o primeiro, de forma unânime, e o segundo, por maioria de votos. Ambos foram denunciados no artigo 266 (deixar de relatar as ocorrências disciplinares da partida) do CBJD por Juan ter sido punido somente com o cartão amarelo no lance em questão.
Perguntado se viu ou ouviu o que aconteceu após a marcação da falta, o árbitro disse que foi surpreendido em casa, quando viu o videotape. "Após a marcação da falta, só vi o Juan se abaixando, não vi o dedo em riste e nem pude ver ele dizendo algo para o atleta do Botafogo. Achei que ele estivesse pedindo para o Maicosuel levantar para dar prosseguimento ao lance".
fonte: justiça desportiva