Após greve, Odebrecht demite operários
Do JC Online
A construtora Odebrecht confirmou, no final da tarde desta sexta (3/2), a demissão de 62 funcionários que estiveram envolvidos na paralisação das obras da Arena da Copa, em São Lourenço da Mata. Os trabalhadores passaram nove dias de braços cruzados. O número é bem inferior aos 300 repassados pela manhã pela comissão que estava à frente do movimento. Bem menor ainda do que foi informado ao sindicato da categoria, o Sintepav.
“Não tivemos nenhum contato oficial com a empresa, por isso fica difícil falar em quantidade. Mas os trabalhadores passaram que esse número chega a 540, entre os que foram impossibilitados de entrar e os que pediram para sair”, declarou Leodelson Bastos, um dos assessores do Sintepav, Sindicato dos Trabalhadores na Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplenagem em Geral. Por sua vez, a Odebrecht não se pronunciou sobre possíveis pedidos de demissão.
É bom lembrar que além de reivindicar aumento de alguns benefícios, como cesta básica (de R$ 80 para R$ 120), os operários também reclamam do autoritarismo dos responsáveis pela segurança da obra. O retorno às atividades só ocorreu porque na quinta (2/2), o Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco (TRT-PE) julgou a paralisação como “abusiva”. O departamento jurídico do sindicato afirmou que vai recorrer da decisão da Justiça e também tentar reverter as demissões. Antes do impasse, 2.400 pessoas trabalhavam na construção do estádio para a Copa do Mundo de 2014.
A Odebrecht se posicionou através de uma nota:
As grandes obras de engenharia se valem de um mecanismo de gestão que busca a renovação de sua equipe de mão de obra, visando alcançar a produtividade necessária para a realização do empreendimento. Na Arena Pernambuco, a cada novo ciclo de contratação, os colaboradores com nível técnico e de produção muito abaixo do restante da equipe, assim como os que prejudicam o andamento dos trabalhos por indisciplina ou má-fé, são desligados. De novembro de 2011 a janeiro deste ano, foram 303 desligamentos e 1.212 contratações.
Com a declaração pelo TRT/PE da ilegalidade da greve - movimento promovido por uma minoria que paralisou a obra e pôs em risco um projeto de importância para o Estado de Pernambuco - esse processo natural de renovação poderia se valer da prerrogativa legal da "Justa Causa". No entanto, apesar de sua legitimidade, o mecanismo ainda não foi usado. Todos os 62 integrantes demitidos até o momento, por iniciativa do empregador, foram desligados sem justa causa. Com essa medida, a empresa busca fortalecer o conjunto de iniciativas de relacionamento com o objetivo de ampliar e qualificar, cada vez mais, o diálogo com os colaboradores e seus representantes.
